sexta-feira, julho 30, 2004

A Ira de Zagallo

Finda a disputa de pênaltis na decisão da Copa América, explosão de alegria entre jogadores, membros da comissão técnica e jornalistas brasileiros. Ganhar da Argentina é sempre motivo de regojizo, ainda mais numa final de competição. Mas tinha uma pessoa, das mais importantes, que não parecia muito feliz com o resultado. Tevez? Bielsa? Killy Gonzalez? Nenhum deles. O mais irado na história toda era o bom e velho Mario Jorge Lobo Zagallo.

Vai entender. O cara é quatro vezes campeão do mundo, tem um currículo invejável no futebol, é querido por boleiros de todas as partes do mundo, tá com o boi na sombra com o que ganhou na carreira e, em vez de escancarar um sorrisão na cara pela vitória em cima dos arqui-rivais argentinos, prefere armar uma baita carranca enraivecida, soltar palavras duras e debochadas contra o adversário batido, numa deprimente cena de rancor misturado a falta de esportividade. Só para exemplificar, Parreira não deixou de criticar os argentinos pela ensebação que ensaiaram no final da partida, quando o jogo estava 2 x 1 pra eles, deixando claro que "com a seleção pentacampeã do mundo não se brinca", mas sempre com um puta sorriso na cara!

O que mais impressiona é saber que Zagallo é boa gente toda vida. Entrevistei ele algumas vezes quando trabalhava como repórter na editoria de Esportes do JB. É um sujeito sério e reservado, mas simpático, atencioso e humilde, além de ótimo papo. Então, qual é o problema? Por que essa raiva toda? Esse rancor todo? Definitivamente, ele não é um cara que aceita crítica numa boa e, como ficou claro mais uma vez na Copa América, não acha nada demais chutar cachorro morto, o que, convenhamos, não é de bom tom, mesmo que seja um cachorro argentino...

Enfim, no momento de maior felicidade, Zagallo se mostra raivoso, rancoroso, provocador, hostil. Há quem diga que isso é necessário para evocar o espírito guerreiro dos jogadores. Dudu Cearense parece ser um dos mais chegados discípulos do velho Lobo, já que em todas as comemorações de gols do Brasil na Copa América, aparecia xingando os adversários, mandando tomar no cu, fazendo sinais e gestos agressivos. Não sei até onde isso é necessário. E mais: acho até que incentiva-se, com isso, uma filosofia antipática e petulante, que não tem nada a ver com um país como o Brasil, conhecido mundo afora como um país de pessoas afáveis e simpáticas.

Tomara que os atletas olímpicos brasileiros conquistem muitas medalhas em Atenas sempre com um sorriso, saboreando a vitória, não espezinhando a derrota dos outros...

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