Decadência promissora
Imediatamente depois de ter retrucado (e contestado) o comentário do Valmir no tópico abaixo sobre os investimentos no futebol brasileiro e a melhora da estrutura do esporte no país, liguei a TV, zapeei um pouco e cheguei ao programa Terceiro Tempo na Record. É Valmir, é possível que estejamos vivendo agora o nascimento de uma época de ouro para o futebol brasileiro.
Milton Neves e seus companheiros de programa entrevistavam o iraniano Kia Joorabchian, atual 'big boss' do Corinthians. Simpático, ele se saiu bem sempre que pressionado, principalmente quando questionado por Osmar de Oliveira se estava promovendo uma 'argentinização' do clube paulista - chegaram até a tocar o hino do clube em ritmo de tango. "Pelo contrário, estou ensinando samba para os jogadores argentinos. Veja bem, estou trazendo jogadores argentinos para cá, estou investindo no Brasil", disse Kia, que foi bastante aplaudido. Disse ainda que pretende provar que o futebol brasileiro pode ser rentável. Ele, que se disse sócio da MSI, e não apenas um executivo contratado, acredita ser possível segurar os craques brasileiros no país, montar equipes competitivas e lucrar muito com direitos de TV para o mundo todo, além de acordos publicitários mais polpudos. Se vierem mesmo com essa proposta, como acredita também o Valmir, realmente há uma luz no final do túnel do futebol brasileiro. E se foram bem sucedidos, vão atrair outros investidores, que assumirão o futebol de outros clubes - o que não falta é clube brasileiro falido...
Eu estava descrente em relação à presença da MSI no Corinthians, mas se esse grupo de investidores apostar mesmo no pioneirismo e tentar não apenas lucrar com a venda de jogadores - como já se faz - mas também ganhar dinheiro vendendo o espetáculo lá fora, há uma boa chance de se darem bem. Já imaginou Santos x São Paulo, Vasco x Botafogo, Palmeiras x Corinthians, Fla x Flu, no horário nobre da Espanha, EUA, Iraque, Irã, Rússia...?
Os caras da MSI parecem ter ligações fortes com os novos capitalistas russos, georgianos e ucranianos, que têm forte interesse no futebol (vide Abramovich no Chelsea, líder do campeonato inglês) e estão procurando mercados para investir. E nenhum mercado melhor do que o brasileiro nesse momento. Identificaram no país um mercado promissor: há tradição, qualidade de matéria-prima (bons jogadores em profusão), falta de estrutura adequada, falência dos clubes e imensa massa de torcedores. Justamente por ser decadente, o futebol brasileiro está barato e interessante para investidores estrangeiros. A matéria da The Economist acerta na mosca justamente por mostrar a esses investidores que o mercado do futebol brasileiro é muito atraente, justamente por ser tão decadente...
Aguardemos os próximos passos da MSI no Brasil.
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