sexta-feira, janeiro 12, 2007

Ronaldo... lá vem ele de novo

Sigo quase solitário (ao lado apenas de Jorjão) escrevendo no Blog. Talvez sejamos os últimos idiotas a se recusarem a abandonar a idiotice. Mas isso não vem ao caso. Tomo a palavra, mais uma vez, para fazer minhas as palavras de Xico Sá hoje na Folha. Viva Ronalducho!!! Mesmo afastado do Real, ainda brilha em nossos corações.

Eis a Coluna:

AMIGO TORCEDOR, amigo secador, com sua licença, aproveito para escrever uma carta ao Ronaldo, o Fenômeno, ele mesmo.Meu caro 9, manda esse mala do técnico Fabio Capello às favas, manda-o, em italiano com sotaque carioca, ao inferno de Dante. Antes, porém, desmoraliza o capo no último treino, tira onda, dá uma caneta, um cascudo, passa a mão na bunda, com respeito, claro, você, amigo, pode tudo, tem biografia, tem lastro, tem história e moral na real da guerra. Meu velho, essa coisa de ser Fênix, essa cobrança de mais uma volta por cima, não leva a nada, chegou a hora de curtir mais a vida, não espere a cinza das horas, você sabe como a passagem terrena é traiçoeira. Carpem die, carpem noctum, aproveite a noite, cabrón, se joga, você merece, já deu muitas reviravoltas, com Rivaldo nos deu a Copa, de maneira mágica, no mais não tenha culpa, isso é coisa de cristão de quinta, mete bronca, chama a Raíca, chama a Maria-Chuteira mais anônima, faz uma graça para a moça, volta a São Cristóvão e pega aquela afilhada de Balzac que tanto lhe desejava. Nem Fênix nem Sísifo, chega de carregar uma tonelada de responsa nas costas, vai viver mil e uma noites das arábias. Vem bater bola no Mengo ou no Santos, desde que as cidades-sedes sejam praieiras. Vem fazer dupla com Obina, sacudir a Vila. Porque, amigo, com uma perna só, você ainda é um dos melhores do planeta, igual ao Reinaldo do Galo, qual Saci naquela decisão com o Fla de Nunes em 1980, que revi agora como um filme de Fellini, no Sportv, retrospectiva clássica. Beba, coma, amigo Ronaldo, como o seu xará e grande amigo Bressane! Como gastará esse dinheiro todo agüentando as broncas de Capello? E a vida propriamente dita, em que lugar fica na cabeça? Beba, coma, faça farra e novos lindos filhos! Você merece banquete dos deuses, basta rebobinar o videoteipe. Será que terei que lembrar suas obras-primas, Portinaris, Van Goghs, Dalis, Michelangelos, Mirós, para ficar só nos artistas dos países em que já fez das suas pinturas?! Não caia, amigo, no conto da Fênix outra vez. Sim, você pode fazer golaços, jogos memoráveis, mas sem a cruz moral nas costas. Mostrar tudo de novo? Não, amigo, isso cansa. Sei que não é a sua, mas, por favor, não vá me fazer a desfeita e virar atleta de Cristo agora. Respeito os caras, os dedos para cima mandando anotar o gol para Jesus, o maior artilheiro da história. Respeito, mas eles têm outros perfis, outras trajetórias, são, digamos assim, mais família. Você não, amigo, você é um hedonista de nascença, desses meninos que nasceram para brilhar de dia e de noite, entende? Ronaldo, quanto sacrifício, quanta dor no joelho e superação, quanta pergunta imbecil de jornalista e patrulha, quanta confusão na mídia de fofocas. Amigo, o verão nos trópicos está demais, vamos nessa, rapaz. Além do seu balneário de origem, queria que passasse pelo menos uma noite em Recife-Olinda, um escândalo. Conhece a Priscila, já viu como ela anima a pista? E a Hermila Guedes, o nosso céu de Suely, a nossa Gilda? Meu velho, vamos ao bar Central, ao Capitão Lima, ao Garagem, às festas do Rogerman no clube Preto Velho, a melhor vista, o melhor terreiro para purgar a existência, onde só acreditamos nos deuses que dançam. Meu 9, aqui em SP as moças nunca estiveram tão lindas, o tio João, do Love, lembra?, aproveita para lhe renovar estimas. E, para matar as saudades do futebol, tem os garotos juniores, que estão fazendo até de dúzia de gols numa só partida. Amigo, num caia nessa de Fênix mais uma vez. Por falar nisso, meu caro, sabia que o habitat e esconderijo da tal avoante mitológica era o deserto da Arábia? Mera coincidência, amigo, se liga. Feliz vida nova e parabéns pelo conjunto da obra.

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