quarta-feira, maio 10, 2006

SÃO PAULO: ALTO RISCO

Embora continue a achar que o SP é o melhor clube das Américas atualmente, tenho a impressão de que não vai passar pelo Estudiantes. E acho que o motivo, se isto acontecer, será o salto Luis XV que o elenco - ou boa parte dele - calçou. O expoente máximo da empáfia são-paulina é o tal de Souza. Aquele mesmo que surgiu outro dia e já deve se considerar o melhor do mundo. O cara é de uma estupidez sem par. Tão imbecil que acha que pode provocar e menosprezar qualquer adversário. É o anti-profissional, que busca a todo momento ridicularizar seus colegas de profissão dos outros clubes. Foi assim contra o Palmeiras, foi também contra o Corinthians.

Um dos maiores méritos do São Paulo no ano passado foi a humildade. No Paulista, na Libertadores e no Mundial, o time se considerava "correndo por fora", como se diz. Isto fazia com que o grupo se enchesse de garra e buscasse a vitória a todo custo. Um a um os ditos favoritos foram sendo derrubados e o São Paulo teve o maior ano da sua história.

Nesta ano acontece o inverso. Inflado pelo excesso de badalação os jogadores já se auto-proclamam o segundo melhor time da Terra, atrás apenas do Barcelona, segundo o filósofo Júnior. Para não ficar atrás o tal de Souza vem falando asneira após asneira. O time quase sifu diante de um time destroçado, sem auto-estima e sem o menor padrão de jogo, como o Palmeiras. Faltou muito pouco para perder a vaga para o mesmo time que tomou de 6 do Figueirense. Só que isto não bastou para o elenco calçar as sandálias da humildade, e contra o Corinthians a arrogância se exacerbou mais uma vez.

Acho que reside aí a principal culpa do Muricy. Um técnico como Luxemburgo, Leão ou Scolari jamais permitiria tal comportamento. Já teria cortado as asinhas do Júnior e pendurado o Souza pelo saco para aprender a não ser idiota. Só que não é isto que ocorre.

Nós brasileiros sabemos muito bem que para vencer argentinos é necessário muito mais do que apenas um grande time. É necessário ter humildade, garra e inteligência. Tudo isso o Telê ensinou ao time do SP que comandou e que foi bi-campeão mundial nos 90. Mas parece que no Morumbi atualmente ninguém se lembra de coisa alguma.

É pelo mesmo motivo que meu palpite é que o Brasil não será hexa-campeão. Aliás, acho que não chegará à final. Brasileiro não sabe ser favorito. Invaravelmente cai do salto e se arrebenta todo.

Igor

5 comentários:

  1. Time que é vencedor tem que se comportar como tal. Na época de Edmundo e Luxemburgo o Palmeiras era insuportável na visão dos adversários. Os Palmeirenses, no entanto, tiravam barato da cara de todo mundo. O politicamente correto que se dane. Chupem aí corintianos, palmeirenses, santistas e o escambau!!! Tri mundial não é para qualquer um!!!

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  2. É verdade, gente. Educação, elegância e profissionalismo não dão em árvore. No meio esportivo, sobretudo no futebol, atletas como Raí, Falcão, Zico, Leonardo, Kaká, Marcos e mais alguns poucos são, de fato, raríssimos. O que predomina mesmo são jogadores como Souza, Viola, Edmundo, Romário, Edilson, e por aí a fora.
    Cabe a nós, em nome da diversidade, respeitar não só aqueles que fazem ou falam baixarias, como também aqueles que gostam delas e defendem quem as faz.
    Afinal, não é à toa que programas como "Pânico na TV" fazem tanto sucesso por aqui. São engraçadíssimos e geram polêmica. É o que conta.

    Igor

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  3. Caro Luciano,
    Uma das coisas legais do esporte é ter ídolos. É você admirar atletas pelo que são, e não pelo clube em que jogam. Felizmente, embora eu seja um apaixonado palmeirense em extinção, não sou burro. Gosto do esporte e consigo enxergar méritos em adversários. Embora com 40 anos, não tenho vergonha de pedir autógrafos e nem preciso dizer que são para o meu filho pequeno. Falo isso tudo para dizer que admiro muitos jogadores adversários. Por exemplo, admiro os que citei acima. Por exemplo, admiro e gosto, ao contrário da maioria dos adversários do SPFC, do Rogério Ceni. Ele já se declarou um apaixonado são-paulino, defende seu time com unhas e dentes, mas não faz pouco de adversários, nem mexe com a paixão dos outros torcedores. Por isso, e não apenas pelo seu talento como goleiro, eu o admiro e certamente pedirei um autógrafo seu se um dia cruzar com ele por aí.
    Gosto do chamado "fair play", gosto do espírito olímpico. E gosto mesmo de ver profissionais éticos e educados, onde quer que atuem.
    Talvez isso seja um sinal de amadurecimento, sei lá. Ou talvez realmente de modo de ser. Como eu disse, há poucos mas bons exemplos mesmo no futebol.
    Mas você não é obrigado a concordar comigo. Vivemos numa democracia, embora às vezes não pareça.
    Abraços e boa sorte ao seu time. Continuo a gostar de ver este time do São Paulo jogar, e certamente serei um dos primeiros a dar-lhe os parabéns pelo tetra, caso venha. Cumprimento meus adversários aqui neste blog desde que o formamos, há 2 anos.

    Igor

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  4. Luciano,
    Talvez eu superestime a capacidade de raciocínio de jogadores de futebol. O que mais me incomoda atualmente no futebol é que o esporte virou motivo para matança pelas ruas. Embora sociólogos, psicólogos e outros ólogos possam elencar uma centena de motivos para esta violência, acredito que boa parte dela tem origem nestas provocações entre jogadores e dirigentes, tornadas públicas. Aqueles desequilibrados que vão aos estádios ficam ainda mais irados e motivados a realizar quebra-quebra pelas ruas ou até a matar alguém quando por algum motivo sentem que seu time foi ofendido ou desmerecido. É absurdo, mas é assim que funciona a cabeça de muita gente, é só ouvir seus argumentos para o que fazem.
    A mesma mídia hipócrita que pede paz nos estádios faz questão de espalhar estas bobagens ditas sem pensar por alguns tontos, que tomam proporções enormes. O resultado é que fica todo mundo puto, porque brasileiro não é torcedor, é apaixonado.
    Resumindo, qualquer Zé Mané da vida que vista uma camisa de grande clube acaba tendo uma influência grande no que as torcidas fazem. Não custaria nada colaborar. Tudo bem que a grande maioria dos jogadores não tenha capacidade para entender isto. Mas a minoria pensante (nós) temos a obrigação de fazer o que está ao nosso alcance.
    É o que eu penso.

    Igor

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  5. Complementando, Luciano: acredito fortemente que comportamento gera comportamento. Não sei se você já leu a respeito, mas um estudo verificou por que os mesmos passageiros têm comportamentos diferentes quanto a sujar ou manter limpos trens e estações de trem e de metrô. Por que o metrô é tão limpo e o mesmo não se pode dizer dos trens da CPTM, por exemplo? Porque no metrô, desde o início, as equipes de limpeza limpam qualquer migalha do chão. Ao ver tudo limpo, o passageiro sente-se constrangido em sujar. Legal, né?
    Indo além. Talvez eu seja um sonhador, Luciano: se torcedores vissem exemplos de amizade e respeito dentro de campo, mesmo com cada jogador dando o máximo de si pelo seu clube, acredito que lentamente mudariam seu comportamento nas arquibancadas, pois se sentiriam constrangidos. Trabalho de formiga? Provavelmente sim. Mas tenho certeza de que lentamente surtiria efeito.
    Por sonhar com isto é que comecei a trocar alguns e-mails com o Gabriel há pouco mais de 2 anos, que deram origem a este blog.
    Abraço,

    Igor

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